Região
Oeste do Rio Grande do Norte, onde o tráfico de drogas, assassinatos, assaltos,
arrastões, pistolagem, falta de segurança e acima de tudo, a impunidade tem
atemorizado as zonas rurais dos municípios e as cidades, que tem sido palcos de
violência como nunca se viu antes.
Lugares
antes pacatos foram transformados em fábricas de criminosos, que desafiam as
autoridades e têm colocado em prática suas próprias leis, onde os mais fortes
sobrevivem.
Na
opinião dos delegados, o mapa da violência passa por Mossoró, Baraúna,
Umarizal, Caraúbas, Janduís, Frutuoso Gomes, Pau dos Ferros, Alexandria e São
Miguel.
Impulsionada pelo tráfico de drogas, as cenas reais de violência nos municípios oestanos amedrontam os que habitam o semiárido, onde cenas de homicídios, assaltos, furtos, invasões a cidades, dentre outras, que diariamente têm sido vivenciadas pelos moradores, muda hábitos e costumes do povo, que passa a viver prisioneiro dentro de suas próprias casas, desprotegida da ação das autoridades policiais.
Em
alguns municípios, como Mossoró, Umarizal, Frutuoso Gomes, Janduís, Baraúna,
Caraúbas e Assú, o problema da violência tem se estendido por décadas, tendo se
inflamado ainda mais nos últimos anos.
O
delegado Odilon Teodósio, titular da Divisão de Polícia Civil do Oeste
(Divipoe), considera como ponto crítico para ser atacado pelo policiamento, no
combate aos bandidos, as cidades de Baraúna, Umarizal e Frutuoso Gomes. Segundo
o delegado, Frutuoso Gomes é um município que não tem comarca e todo
procedimento tem de ser feito pela Divipoe, quando essa realiza uma operação
local.
Baraúna
e Umarizal precisam de mais efetivo policial e de um trabalho detalhado para
combater as quadrilhas que se enraizaram nesses dois municípios nos últimos
anos. Precisamos mapear os criminosos para podermos atacar com segurança e
prendê-los, aliviando assim as pessoas de bem que vivem sob o medo da bandidagem.
Já estamos fazendo isso e tendo retorno, no entanto ainda é preciso fazer muito
mais", explicou o delegado.
Já
o delegado Clayton Pinho, titular da Delegacia Regional de Polícia Civil de
Mossoró, que juntamente com o delegado Odilon Teodósio tem desenvolvido um
trabalho ostensivo no combate à violência, vê a questão da insegurança no Oeste
como muito preocupante. Para ele, os municípios de Umarizal, Baraúna, Janduís e
Caraúbas são hoje focos de criminalidades, que tem de ser combatido com
urgência.
"A
violência está praticamente generalizada nas cidades interioranas, porém essas
quatro cidades têm causado muita preocupação às autoridades policiais, onde
crimes hediondos e misteriosos têm ocorrido com frequência e desafiado a força
policial, tanto ostensiva quanto investigativa", destacou.
Com
relação à violência em Mossoró, Clayton Pinho disse que é preocupante também,
no entanto destaca uma redução de 50% em relação ao ano passado, onde por essa
época já havia ocorrido 100 homicídios e este ano o número foi reduzido pela
metade. "Bom seria se não ocorressem crimes, o que é praticamente
impossível para um município do porte de Mossoró, porém se observarmos em um
ano reduzimos os homicídios pela metade. Isso é mérito do trabalho que vem
sendo desenvolvido pelas polícias civil e militar, que tem atuado em parceria e
só quem ganha com isso é a população", concluiu.
Falta
de efetivo dificulta trabalho das polícias militar e civilUma das principais
causas da violência na região do Médio e Alto Oeste, segundo autoridades
policiais, tanto civis quanto militares, é sem sombra de dúvida a falta de
estrutura, principalmente o número de efetivo para o trabalho diário.
Segundo
o delegado Inácio Rodrigues, titular da Delegacia Regional de Polícia Civil de
Pau dos Ferros, que responde atualmente por 21 municípios, do Alto Oeste, o
maior problema enfrentado é o pouco contingente policial, associado à
precariedade estrutural das condições de trabalho.
"Hoje
a região do Alto Oeste, apesar de ser uma das mais tranquilas do Estado, apresenta
uma dificuldade muito grande na falta de estrutura para combater o crime. Nós
temos uma região alta, não por causa do trabalho ostensivo e sim devido uma
população de boa índole, que apesar de ser grande, consegue se diferenciar de
outras localidades violentas", explicou.
Para
o delegado, apesar de boa parte dos municípios fazerem divisa com outros
estados, apenas dois deles requerem um pouco mais de atenção: Pau dos Ferros e
São Miguel. "Pau dos Ferros é uma cidade polo, que devido ao comércio intenso
atrai muita gente de outras cidades, por isso merece maior atenção das
polícias, mas nada de anormal. Em São Miguel, porta de saída para o Ceará,
temos que redobrar os cuidados e manter a ordem,",disse.
O
coronel Romualdo, comandante do 7º Batalhão da PM, que compreende 35 cidades do
Alto e Médio Oeste, disse que o efetivo vem se esfacelando ao longo dos anos e
atualmente apresenta um déficit de aproximadamente 200 policiais. "Em 2010
formamos 20 policiais militares aqui em Pau dos Ferros, porém18 pediram
transferência para Natal e apenas dois ainda permanecem aqui", destacou.
Para
o comandante, além das transferências, que tem se tornado corriqueiras, o
efetivo tem tido muita baixa na questão de aposentadoria, onde muitos militares
foram para a reserva e deixaram de atuar no combate à criminalidade.
"O
ideal seria que os policiais formados aqui na região permanecessem trabalhando
para onde foram designados a princípio, mas sabemos que na prática essa
realidade é muito diferente e com isso compromete o nosso trabalho",
disse.
Ainda
segundo o comandante, Umarizal é a cidade mais preocupante pertencente a sua
jurisdição, onde o número reduzido de policiais tem conseguido atrair
criminosos para agir livremente nas ruas e comunidades.
Oeste
pede paz e municípios se organizam para expor reivindicaçõesA grande quantidade
de ocorrências policiais que assolam a região Oeste do RN tem feito com que as
cidades se organizem para protestar contra a falta de segurança dos municípios,
que de tanto serem vítimas da bandidagem começam a reagir e clamar por justiça
e segurança.
Depois
de terem sido alvo de vários crimes, assaltos, arrastões, tráfico de drogas,
dentre outros crimes, moradores do município de Baraúna se reuniram na semana
passada para mostrar força e revolta. Aproximadamente oito mil pessoas, com
faixas, cartazes, carros de som e discurso afinado, se reuniram na última
quarta-feira para interditar a RN-015, que liga a cidade a Mossoró. De acordo
com os organizadores, a iniciativa do movimento passou a ganhar força depois
que vários homicídios e assaltos passaram a ser registrados no município, sem
que as autoridades policiais conseguissem combater as investidas da bandidagem,
não restou outra alternativa se não clamar por segurança, interditando o
trânsito.
"O
protesto do povo é a forma mais íntima de expressar à revolta, é chamando a
atenção, interditando a movimentação. Nós conseguimos dizer que não mais
aguentamos sofrer nas mãos dos bandidos, resta agora os nossos representantes
políticos cumprirem suas obrigações e dar segurança à população", disse
Gedeão, um dos organizadores.
Antes
de Baraúna, Caraúbas também fez sua marcha contra a violência, depois que uma
quadrilha armada invadiu o centro da cidade e atentou contra a vida da família
de um comerciante, onde pai e filha foram baleados e tiveram de mudar de cidade
para continuarem vivos.
Por
sua vez, o município de Janduís, depois que uma quadrilha armada proporcionou
um arrastão no comércio local, assaltando a agência dos Correios e vários
estabelecimentos comerciais e na fuga saíram atirando para o ar e gritando
palavras de ordem.
Diante
desse episódio, os moradores saíram às ruas protestando contra os atos de
vandalismo e ousadia, no entanto, em nenhuma das cidades houve retorno por
parte das autoridades governamentais.
*Pesquisado no Blog Martins em Pauta
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