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Um bem que pode acabar


Dia Mundial da Água é um momento para refletir sobre como nos comportamentos com relação ao seu uso.

O Dia Mundial da Água foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 22 de março de 1992, data da publicação da Declaração Universal dos Direitos da Água. Os dez artigos da declaração chamam a atenção para fatores que envolvem o direito a seus múltiplos usos, importância para a vida, gestão compartilhada e valor econômico, mas também a sua fragilidade e como ela precisa ser utilizada racionalmente por todos, mantendo seu ciclo intacto. Hoje é um dia para todos os seres humanos na Terra refletirem sobre o uso que fazem deste que é um dos recursos naturais mais importantes à sobrevivência do homem. A existência de tudo o que é vivo depende de um fluxo de água contínuo e do equilíbrio entre a água que o organismo perde e a que repõe. Assim, como a água irriga e alimenta a Terra, nosso sangue, constituído de 83% de água, irriga e alimenta nosso corpo.

Quando o homem aprendeu a usar a água em seu favor, dominou a natureza, aprendeu a plantar, a criar animais para seu sustento e a gerar energia.

No Brasil, a Bacia Amazônica é a maior superfície de água doce do mundo (3.890.000Km2), corresponde a 20% de toda a água doce que chega aos oceanos. Esses números podem responder pela cultura nociva do desperdício da água disponível e a proteção ineficiente dos rios brasileiros. Uma realidade que pode ser comprovada nos índices de valor médio de consumo de água por habitante. Em Cuiabá, a média é de 175 mil litros por habitante/dia, enquanto que a média nacional é de 150 mil litros por habitante/dia.

A maior parte da população não faz idéia da quantidade de água desperdiçada em hábitos diários como escovar os dentes, tomar banho, lavar calçadas, jardins e carros. As capitais brasileiras onde está o maior índice de consumo de água no país, são responsáveis por utilizar 15 mil litros/habitante ao dia, o que excede em 36% a recomendação da ONU, de 110 litros por dia. Podemos reduzir em casa até 70% no consumo de água e uma diminuição no uso de energia se mudar nossas atitudes. "O paradigma de que a água é um bem abundante, que pode ser usada sem economia precisa ter fim. É certo que o poder público tem sua responsabilidade na proteção de rios, no abastecimento e tratamento da água, mas os cidadãos precisam mudar quanto ao uso da água", avalia a professora da Faculdade de Engenharia Sanitária da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Eliana Beatriz Nunes Rondon Lima.

Cuiabá tem um dos índices mais altos de desperdício de água do país, chegando a 40% da água tratada. Essas perdas estão mais concentradas nas regiões sul e leste da cidade, com destaca para a Grande Morada da Serra e Tijucal, onde existem cerca de 35 mil ligações não padronizadas e residências que chegam a ter até três entradas de água.

Para tentar investigar melhor a situação e desenvolver uma metodologia para acabar com o desperdício, a UFMT e a Sanecap se uniram num projeto chamado Estação Escola. Já está em construção um Centro de Referência de Reuso de Água onde irá funcionar o Laboratório de Efluentes e de Geoprocessamento para localização de pontos de alto índice de perdas de água tratada.

Os laboratórios estão em fase de construção na área da Lagoa Encantada, onde estão situadas as lagoas de tratamento da região do CPA III, existentes desde a década de 90 e que geraram muitos conflitos com a comunidade no entorno.

Hoje, a área da lagoa se tornou um parque com pistas para caminhada e a água será utilizada para fertiirrigação do viveiro de mudas e dos jardins. "A comunidade usa bem a área para lazer e os conflitos acabaram porque o bairro foi valorizado", comenta José Augusto Martins, 57, morador do CPA III. A expectativa é de que com o funcionamento do Centro de Referência de Reuso de Água, aos poucos, a população possa aprender a manusear água de forma responsável, utilizando dentro de casa mecanismos simples de reaproveitamento de água.

Por: Josana Salles da redação

Fonte: Gazeta Digital

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