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Entrevista Vip com Zezé

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Zezé, em que momento da carreira você teve certeza de que daria certo profissionalmente? ZEZÉ DI CAMARGO - Quando escutei ‘É o Amor’ tocar pela primeira vez na rádio, em 19 de abril de 1991. Ali, eu senti. Não tem explicação...


O mercado sertanejo ganhou força com a chegada do sertanejo universitário. Na sua opinião, esse tipo de sertanejo – que mistura balada com raiz – é uma novidade, ou é apenas o bom e velho sertanejo repaginado?
Não existe diferença entre o sertanejo que fazemos e o dito sertanejo universitário. Eles apenas regravaram músicas de sucesso com um “pit” (levada mais rápida). Exemplo: “Como um Anjo” - sucesso nosso de 1994 - e “Você vai ver”, músicas que ainda estão na cabeça das pessoas, mas que estouram agora nas vozes de artistas do chamado sertanejo universitário. Eu sou a favor de trabalhos inéditos. A não ser que você faça o que a gente fez agora com o lançamento do “Double Face”. Mas se os novos artistas regravam nossos sucessos não tem nada demais. É o bom e velho sertanejo repaginado.

Então você não gosta do rótulo?
Não gosto do rótulo universitário. O que todos fazem é sertanejo e ponto. Pra que rótulos? Tem dupla que tem 17 anos de carreira, como João Bosco & Vinícius, que são meus amigos, que estão na estrada há muito tempo e fazem um belíssimo trabalho. Eles cantam sertanejo. Luan Santana canta desde que era criança. É um menino que eu admiro o trabalho. Maria Cecília & Rodolfo estão na estrada há três anos. João Bosco & Vinícius gostam de ZC&L desde pequenos, mas ninguém pode esquecer que eu tinha 17 anos quando comecei. E esta galera cantou aí, recentemente. Isso é muito bom. Reforça o gênero. Tem ainda a dupla Jorge e Matheus, que tem feito um bom trabalho.

E que conselhos você daria para essas duplas que surgiram pegando carona nesse boom sertanejo? Qual o segredo para se manter tanto tempo no topo das paradas?
Não existe segredo do sucesso. O reconhecimento do público é que mantém o artista e seu sucesso. Conselho: mantenha sua verdade. Só o que é verdadeiro sobrevive.

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Com tantas idas e vindas do sertanejo na mídia, você e Luciano permaneceram no topo. Vocês se preocupam em inovar?
Quando que o sertanejo caiu? Sempre foi o gênero que mais vendeu, gente! Sempre foi o campeão de público em shows. O que acontece agora é que a mídia criou um rótulo e também surgiram mais duplas, o que é ótimo, pois só reforça o gênero. Eu me preocupo em manter minha verdade, manter o respeito ao meu público.

Então você acredita que o sertanejo não corre risco de perder a força ou até mesmo de desaparecer?
A música sertaneja faz parte da cultura do país, portanto, a cada ano surgem novas duplas e compositores excelentes. O gênero sertanejo não é modismo. A nossa origem é sertaneja, nunca negamos e não acreditamos que algum dia o nosso gênero tenha morrido ou venha a morrer. Como o Luciano diz, sertanejo universitário é um rótulo.

Mas e os artistas que cantam esse gênero?
Artistas como Jorge e Matheus, Victor & Léo, César Menotti & Fabiano e Maria Cecília & Rodolfo fazem sertanejo. Os leigos saem divulgando este rótulo de sertanejo universitário, como já teve forró universitário e pagode universitário. Esses novos artistas fazem o sertanejo assim como aconteceu com a gente. Quando começamos, fomos intitulados de new sertanejo e nós recusamos este rótulo. Houve uma peneira e ficaram os que tiveram o reconhecimento do público. O mesmo vai acontecer agora.
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O longa “2 Filhos de Francisco” foi um sucesso que emocionou o Brasil inteiro. Como foi assistir "de camarote" sua própria história? Há possibilidade de uma segunda versão?
Não existe a possibilidade de um segundo filme sobre a nossa história. “2 Filhos de Francisco” contou tudo. A proposta era contar sobre o sonho de meu pai em ter uma dupla formada por seus filhos. O filme retratou toda a trajetória e encerra na conquista do sucesso. Foi uma das maiores emoções de minha vida. Tinha hora que foi engraçado, eu estava torcendo para eu dar certo. Pode? Igual a gente faz em todo filme. O nosso filme, com certeza, serviu para enriquecer ainda mais o nosso repertório, veio para mostrar uma história como a de milhões de brasileiros e imigrantes que sonham e lutam por uma vida melhor.
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O que a fama trouxe de positivo para sua vida?
Existe um divisor na minha família. Depois de “É o Amor” tudo mudou. Realizamos o sonho de conquistar o sucesso, de cantar para o povo brasileiro e também poder ajudar toda a nossa família.

Você gosta de ouvir suas músicas interpretadas por outros artistas? E você, tem vontade de gravar alguma música em especial?
Claro que sim. Até hoje adoro ouvir “Solidão” na voz de Leandro e Leonardo. Realizei meu sonho e gravei “Detalhes” de Roberto Carlos.

E que tipo de música toca no rádio do seu carro?
Sertanejo. No rádio e no CD. Sertanejo o tempo todo.
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Wanessa não se enquadrou no estilo sertanejo. Em algum momento você achou que ela seguiria seus passos e cederia aos encantos das modas de viola?
O estilo da minha filha sempre foi outro. Se seu pai é oftalmologista você não tem obrigação de ser também. De repente, sua vocação é para a pediatria. Mas a medicina está no sangue. É assim que penso. A música está no sangue, mas o gênero dela é outro. O que é absolutamente natural. Wanessa é urbana, nasceu na capital. Não teve as mesmas influências musicais. Ela seguiu meus passos, mas cantando com a verdade e a essência dela.
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No início da carreira podíamos dizer que você e Luciano faziam um tipo de música mais regional. Hoje, vocês ultrapassaram essa barreira e suas músicas deixaram de ser regionais para se tornar universais. Qual foi o segredo para que vocês tenham ultrapassado essa barreira?
Não vejo assim. No primeiro disco, cantamos até música de cunho social, como “Bandido com Razão”. Regravamos Roberto Carlos em “Eu Te Amo”, que entrou na novela “Perigosas Peruas”.

O sucesso te assustou no início da carreira? E a falta dele é algo que te assusta?
Não foi susto. Foi satisfação. Tivemos de adaptar a nova vida, mas é curioso quando o sonho se realiza. É como você se já estivesse acostumado com aquela situação e de repente ela veio à tona.

Como surgiu a ideia do último CD da dupla, “Double Face”, que traz os dois lados gravados bem no estilo do antigo LP? Como foi a escolha do repertório?
É a realização de um sonho. Eu sempre quis gravar um CD de modão. São dois CDs: um só de inéditas com músicas na linha do que costumamos gravar em nossos CDs e o outro traz só modões, regravações de músicas sertanejas dos anos 90 a 2008, mas fomos fiéis às gravações originais. Chamamos até o maestro que gravou com o Trio Parada Dura e Chitãozinho e Xororó. O CD com modões é o que temos de mais diferente. Eu fiz uma seleção de tudo o que mais gosto. E olha que sobrou muita coisa para um próximo trabalho. Neste CD tem canções distribuídas por cordas, sopros, baquetas e timbres diversos. Quis escolher modas dos anos 80. Acho que o que sobrou da relação vou colocar num próximo projeto. Neste, são 14 no CD de inéditas e 13 no de modões.
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Mudando um pouco o foco, qual é o segredo para manter a chama acesa em um casamento de tantos anos?
Respeito é tudo num casamento. Mas tem de haver o desejo, a paixão. Isso eu mantenho sempre pela minha mulher.

Como é o Zezé fora dos palcos? Em que lugar você é apenas o Mirosmar?
Sou o mesmo homem de gosto simples, de estar entre os amigos. Nas raras horas de folga, adoro reunir os amigos para uma violada (roda de viola). O Zezé absorveu o Mirosmar. Os dois são um só.

E como você acha que será o Zezé velhinho?
Na minha fazenda, em contato com a natureza e junto com o Luciano formando um quarteto: a gente cantando na frente e duas enfermeiras atrás nos segurando (risos).

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